VELHO PAI
Olho, meus dias escurecem
Sem jeito a noite vem.
Correndo, correndo, estou cansando
Meu fôlego acabando.
O meu amanhã chega rápido
E o futuro vislumbro pálido.
O ontem, distante desbotou
Esvaiu-se em anos o vigor,
E apenas lembranças restou.
Enquanto a tristeza tortura a mente
A alma envolve-se no que sente.
Os olhares a julgar-me demente
Levam-me ao passado novamente e novamente.
Um beijo, o altar, o choro intermitente
Das nossas vidas outra vida brotou
Um canteiro de sementes.
Entre sorrisos, lutas e dor
Construímos o que se formou.
Hoje lhe falta tempo pra me ouvir
Seu olhar é por demais severo
Sem ternura no sorrir
Não tem o que mais quero.
Lhe peço que pense comigo
O meu hoje é seu amanhã
Não por desejar-lhe castigo
É cálculo da mente que já foi sã
Não quero ser empecilho
Se pouco vejo no claro e no escuro
Porém lhe enxergo o futuro
E rezo por você meu filho.
Em breve seus frutos nascerão
Seus cuidados regando-os até crescerem
No passado enterrados ficarão
E verá seus feitos esquecerem.
Tem porta que se entra
E por ela nunca se sai
Deixo aqui o exemplo que orienta
Como lembranças do seu velho pai.
Neto Madeiro
Joaquim de Sousa Madeiro
Enviado por Joaquim de Sousa Madeiro em 24/12/2013
Alterado em 25/03/2024
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.