Neto Madeiro
Neto (versos) Neto
Textos
VELHO PAI
Olho, meus dias escurecem
Sem jeito a noite vem.
Correndo, correndo, estou cansando
Meu fôlego acabando.

O meu amanhã chega rápido
E o futuro  vislumbro  pálido.
O ontem, distante desbotou
Esvaiu-se em anos o vigor,
E apenas lembranças restou.

Enquanto a tristeza tortura a mente
A alma envolve-se no que sente.
Os olhares a julgar-me demente
Levam-me ao passado novamente e novamente.

Um beijo, o altar, o choro intermitente
Das nossas vidas outra vida brotou
Um canteiro de sementes.
Entre sorrisos, lutas e dor
Construímos o que se formou.

Hoje lhe falta tempo pra me ouvir
Seu olhar é por demais severo
Sem ternura no sorrir
Não tem o que mais quero.

Lhe peço que pense comigo
O meu hoje é seu amanhã
Não por desejar-lhe castigo
É cálculo da mente que já foi sã

Não quero ser empecilho
Se pouco vejo no claro e no escuro
Porém lhe enxergo o futuro
E rezo por  você meu filho.

Em breve seus frutos nascerão
Seus cuidados  regando-os até crescerem
No passado enterrados ficarão
E verá seus feitos esquecerem.

Tem porta que se entra
E por ela nunca se sai
Deixo aqui o exemplo que orienta
Como lembranças do seu velho pai.

Neto Madeiro
Joaquim de Sousa Madeiro
Enviado por Joaquim de Sousa Madeiro em 24/12/2013
Alterado em 25/03/2024
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
Comentários